Se você trabalha embarcado em plataformas Offshore, deve ficar atento à quantidade de material NORM/TENORM presente na planta de produção, pois é preciso, periodicamente, realizar o descarte devido deste material.
Continue lendo e saiba o que é necessário para que os rejeitos radioativos NORM/TENORM sejam devidamente aceitos em depósitos finais.
Como funciona a contaminação por NORM/TENORM no Offshore?
Tomando como exemplo um FPSO, o processo de contaminação funciona da seguinte forma:
Durante a fase de perfuração, o campo de exploração contém material NORM. Conforme ocorre o processo de extração do petróleo, o NORM que está diluído em óleo e gás “sobe” com o material produzido. Todo o NORM vai se acumulando na planta de produção, em forma de borras e incrustações, se tornando TENORM.
Após algum tempo, ocorre a redução da pressão no reservatório. Então, surge a necessidade de injetar água para manter a produção. Esta água possui características diferentes da água de formação, o que acarreta na dissolução acelerada dos sais contendo materiais radioativos presentes na rocha e no óleo.
Desta forma, ainda mais material TENORM se acumula na planta de produção. Após anos em operação, o acúmulo de TENORM pode ser gigantesco!
O NORM, por ser um material encontrado de forma dispersa na natureza, não apresenta grandes perigos. Trata-se de um tipo de material radioativo com uma quantidade pequena de radionuclídeos. É uma fonte de radiação que tem níveis abaixo ou equivalentes ao limite de exposição que um indivíduo comum pode suportar.
O TENORM surge quando o NORM é tecnicamente modificado. Ou seja, durante os processos da plataforma, ele já é TENORM!
O TENORM nada mais é do que o NORM concentrado, ou seja, com maior potencial danoso para os trabalhadores que estão sob sua responsabilidade.
Quais os riscos deste acúmulo de material NORM/TENORM em um FPSO?
Com o passar do tempo, o material TENORM se acumula nas linhas, válvulas, filtros, vasos e tanques de armazenamento de um FPSO, e este material tem potencial para criar campos de radiação cujos valores de dose ultrapassam os limites seguros estabelecidos pela CNEN para IOEs (20mSv/ano ou, 10,0 µSv/h) e, principalmente, para o público em geral (1mSv/ano ou, 0,5µSv/h).
Isso pode trazer sérios danos à saúde, além de ser ilegal!
O que deve ser feito nos procedimentos de rotina para lidar com o Risco Radiológico no Offshore?
- Monitorar a planta, no mínimo, semestralmente;
- Isolar e sinalizar as áreas controladas;
- Fornecer controle de dose ocupacional para os envolvidos.
Como intervir caso haja presença de Risco Radiológico no Offshore?
- Realizar os passos da rotina, monitorando, isolando e sinalizando a área, além de fornecer a dosimetria;
- Anotar dados dos envolvidos para controle;
- Forrar a área com lona plástica;
- Montar o ponto de controle e monitoração de pessoal;
- Providenciar contentores para EPIs contaminados;
- Providenciar tambores para armazenamento dos rejeitos;
- Providenciar caixas metálicas e/ou contêineres para peças maiores;
- Providenciar marcadores permanentes para anotação das peças e pontos contaminados para corte;
- Providenciar material para tamponamento dos segmentos de linhas e válvulas;
- Iniciar a purga das linhas e vasos, tendo cuidado para nenhum material extravasar. É importante preencher apenas ⅔ do tambor;
- Monitorar e rotular os tambores contendo borra oleosa;
- Garantir que nenhum trabalhador se contamine e, caso isso ocorra, proceder com sua descontaminação da forma correta!
- Refazer a monitoração no interior dos vasos e tanques, para garantir que toda contaminação tenha sido removida;
- Monitorar e marcar para o corte as peças e trechos de linhas contaminadas;
- Remover manualmente estas incrustações e, acondicioná-las em tambores;
- Cuidar de toda a papelada que precisa ser arquivada e mantida para rastreabilidade;
- Acompanhar toda a destinação dos rejeitos gerados;
- Por último, mas não menos importante, ter quem se comprometa legalmente por tudo isso, assumindo a responsabilidade perante os órgãos reguladores e demais envolvidos!
Se esses passos não forem seguidos corretamente, podem ocorrer graves consequências, como indiciamento dos responsáveis legais, multas, danos à sua imagem e a da sua empresa, processos trabalhistas, desvalorização e interdição nas operações.
Quais os requisitos para aceitação de rejeitos radioativos NORM/TENORM?
No Brasil, o único depósito de rejeitos radioativos existente até pouco tempo era exclusivo para o depósito dos rejeitos vindos do acidente de Goiânia, ocorrido em 1987. Ou seja, não existia qualquer depósito de rejeitos radioativos de origem natural (de NORM/TENORM gerados em processos de extração de óleo e gás no Offshore) de nenhuma empresa brasileira. Entretanto, graças aos esforços de empresas junto à CNEN, a LinceRadio foi autorizada a dar uma destinação final para os rejeitos radioativos.
Cada depósito precisa atender à respectiva legislação do seu país, de acordo com o risco e exigências regulatórias do órgão regulador, e o nosso é a CNEN. Para os depósitos no Brasil, os responsáveis por ele deverão atender às exigências da Norma CNEN NN 8.02 – Licenciamento de Depósitos de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação.
Além disso, os rejeitos devem estar separados, armazenados e rotulados conforme descrito no tópico anterior.
É importante saber que a radiação causa diversos efeitos biológicos às pessoas expostas a ela, dependendo da dose de exposição.
Se você quer evitar todos os efeitos da radiação ionizante no ambiente de trabalho, precisa de um Serviço de Radioproteção bem preparado. Estabelecer um Plano de Radioproteção detalhado e eficiente é mandatório!
Quando você trabalha em uma indústria que utiliza fontes radioativas em seus processos, é necessário que todos os profissionais expostos à radiação tenham a proteção adequada, de acordo com as normas da CNEN.
Também é possível contratar empresas especializadas para cuidar da sua proteção radiológica se, por algum motivo, for gerada muita dor de cabeça ao implementar um Serviço de Radioproteção por conta própria.
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FONTES
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