A CNEN é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), criada em 1956. Ela é a responsável por regular e fiscalizar o uso da energia nuclear no Brasil. Além disso, também investe em pesquisa e desenvolvimento, buscando um uso cada vez mais amplo e seguro das técnicas do setor.
O dever da CNEN é garantir a total segurança na operação dos materiais e equipamentos radioativos manipulados no Brasil. As principais licenças de autorização, segurança e trabalho envolvendo radioatividade no país passam por ela, portanto é fundamental acolher de maneira integral, todas as normativas estabelecidas pelas publicações da CNEN para manter a segurança no trabalho e a legalidade dos serviços.
Outro órgão que tem influência nas atividades envolvendo materiais radioativos, mas não tem valor regulatório direto, é a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). Embora não tenha o poder de impor sua aplicação aos países, a agência tem rígidos padrões de segurança estabelecidos e os oferece através de programas de cooperação técnica, tais como missões de peritos, treinamentos e participação em congressos.
A CNEN sempre leva em consideração os padrões normativos da AIEA na elaboração de suas normas nucleares e demais atividades regulatórias. Por essa razão, é importante dar atenção a tudo que esses e outras instituições ligadas ao manejo de produtos radioativos têm divulgado.
Radioproteção em unidades offshore
O grande problema dos medidores nucleares e de outros equipamentos que vêm do exterior diretamente para as unidades offshore, é que não é dado todo o cuidado necessário que esse tipo de material exige.
A radiação não tem cor, não tem cheiro e se você não tiver contato direto com o material radioativo, é muito difícil perceber a sua presença. Os profissionais ficam expostos à radiação sem saber. Muitas vezes operam ou transportam equipamentos com fonte radioativa sem ter conhecimento da radiação existente.
A CNEN não coloca o segmento offshore como uma de suas prioridades, por isso a normatização e o estabelecimento de procedimentos técnicos de radioproteção ficam bastante prejudicados.
É fundamental ter um serviço de radioproteção preparado para receber esse tipo de material na embarcação. Já que a equipe de radioproteção pode orientar além do recebimento dos equipamentos com fontes radioativas, a implementação e treinamento para medidas de segurança específicas para cada procedimento envolvendo tecnologia nuclear.
Somente com um serviço de radioproteção devidamente implementado, você ou os funcionários que você gerencia, terão a segurança necessária para operar dosímetros, estabelecer perímetros, manusear, transportar e garantir a integridade da fonte radioativa que operam.
Outra medida importante é a regularização da posse dos equipamentos que chegam do exterior diretamente nas embarcações, mediante a obtenção de uma licença de operação. Uma equipe especializada pode certificar os aparelhos com a licença da CNEN e assim regularizar o uso do equipamento.
Tudo isso diz respeito às fontes de radiação que estão sob a sua responsabilidade na unidade offshore. Mas, na embarcação onde você trabalha, você ainda recebe fontes de empresas terceirizadas que atuam na plataforma de petróleo em questão.
A equipe de Segurança do Trabalho também deve estar atenta e devidamente treinada para receber materiais com tecnologia nuclear de outras empresas em sua embarcação.
Riscos do embarque temporário de fontes radioativas
Muitas operações realizadas nas unidades offshore são executadas por empresas terceirizadas. Os prestadores de serviço terceirizados trazem para dentro das embarcações seus próprios equipamentos.
Uma das principais atividades que embarcam temporariamente instrumentos com fonte radioativa é o serviço de gamagrafia.
O material de trabalho deste tipo permanece embarcado por todo o período que a operação terceirizada estabelecer: desde a chegada dos equipamentos necessários, passando pela execução e finalmente na retirada ao fim da operação contratada.
Esse tipo de equipamento é pesado e de difícil manuseio. Não são transportados por helicóptero, mas sim por balsa, em contêineres para dentro da embarcação. O transporte pela balsa é programado com antecedência. A balsa atraca ao navio, sonda ou plataforma e um guindaste suspende o equipamento contendo a fonte radioativa para dentro da embarcação.
É aí que os riscos do embarque temporário de equipamentos com fontes radioativas começam a aparecer.
Quando o guindaste transporta o contêiner com o equipamento da balsa para dentro da embarcação, pode ocorrer algum acidente que afete a integridade da fonte radioativa no interior do instrumento.
A equipe da embarcação deve estar devidamente treinada para agir diante de tal situação. Todos os profissionais embarcados devem ter noções básicas de radioproteção e, em especial, os responsáveis pela Segurança do Trabalho (engenheiros e técnicos) e o departamento médico (técnicos, enfermeiros e médicos).
Como proceder em incidentes envolvendo radiação
É fundamental saber como proceder diante de incidentes envolvendo radiação, desde os cuidados com primeiros socorros até as medidas de radioproteção para delimitar áreas de contaminação e exposição.
Somente com um treinamento prévio, medidas de radioproteção podem ser adotadas e assim pode-se evitar completamente a contaminação e a exposição excessiva ao material radioativo no interior da embarcação.
Além do risco extremo inerente à ocorrência de acidentes envolvendo fontes radioativas, deve-se levar em consideração outro cenário rotineiro. É o que acontece quando o transporte da balsa para a embarcação ocorre sem intercorrências.
O contêiner com o equipamento é embarcado e fica por um bom tempo sob responsabilidade da direção da unidade offshore. Entretanto, o local onde qualquer material contendo fonte radioativa deve ser isolado e identificado de acordo com as exigências da CNEN. Dessa maneira, a fonte radioativa terá sua integridade mantida e o risco de irradiação salvaguardado.
Outra medida a ser tomada se dá pela informação. Grande parte da tripulação de uma plataforma não tem noção de que possa estar exposta à radiação. Por isso, é de suma importância, além das placas e sinais de advertências, fazer um trabalho de educação com cada um dos tripulantes e fazer com que os níveis de exposição sejam os mais baixos possíveis, cumprindo as exigências do órgão regulador.
Estabelecer um Plano de Contingência específico para a embarcação que você trabalha é essencial no combate aos acidentes de trabalho em offshore envolvendo radiação ionizante.
Riscos de contaminação por NORM/TENORM em plataformas offshore
NORM e TENORM são materiais radioativos de ocorrência natural, e eles podem estar aí na indústria em que você trabalha. Fique atento.
Os órgãos brasileiros responsáveis pela normatização e fiscalização de atividades que envolvem materiais radioativos estão atentos em relação à ocorrência desse tipo de material na indústria offshore, apesar de ainda não haver legislação específica que regule o assunto.
Contudo, os riscos são reais e podem acarretar sérios danos físicos (incluído o óbito) aos funcionários envolvidos e dispendiosos processos civis e trabalhistas para os gestores e encarregados.
Além da indústria de produção de energia, o NORM/TENORM também é encontrado no segmento de mineração e nos produtos de consumo. Se você não quer ficar exposto à radiação nem quer que seus colegas ou funcionários também estejam, o ideal é ficar atento.
Como ocorre a contaminação por NORM/TENORM em plataformas offshore?
A indústria de óleo e gás explora suas matérias-primas em regiões caracterizadas pela presença de elementos radioativos de ocorrência natural. Os processos que envolvem as instalações offshore acumulam materiais radioativos nocivos à saúde em seus sistemas. Linhas, tanques e vasos acabam formando depósitos e incrustações em suas paredes.
O acúmulo gerado no decorrer da atividade requer uma avaliação das possíveis consequências que a exposição à radiação podem acarretar aos trabalhadores envolvidos na manutenção do sistema.
O risco de contaminação radioativa está relacionado aos radionuclídeos concentrados durante o processo de extração, transporte e/ou produção de petróleo e gás. A ocorrência se dá pelo acúmulo de lodo e resíduos de petróleo nos equipamentos de extração, as chamadas incrustações.
As incrustações radioativas reduzem a capacidade de produção da planta, dos sistemas de elevação e escoamento, exigindo paradas programadas para intervenções (limpezas, squeezes, troca de elementos, etc.), com custos normalmente elevados, comprometendo as metas de produção e a eficiência operacional.
A maior parte das contaminações ocorrem nos momentos de paradas para manutenção ou quando há o descomissionamento da embarcação. Os profissionais ficam expostos a uma grande quantidade de fontes, pois estão fazendo a limpeza de uma material que contém elementos radioativos. Por essa razão é que durante a manutenção ou descomissionamento, as medidas de radioproteção devem ser aplicadas com o mais rigoroso critério.
Além da exposição à radiação, a contaminação interna (inalação e/ou ingestão) é o maior risco envolvendo esse procedimento.
Durante a limpeza e manutenção das incrustações, peças são cortadas e poderosos jatos são usados, o que acarreta no lançamento de minúsculos fragmentos contendo material radioativo no ambiente de trabalho.
A contaminação interna por elementos radioativos é uma das mais perigosas, pois causa efeitos imediatos aos órgãos contaminados, podendo levar à morte. Diferente do que acontece com a exposição à radiação. Ao estar exposto, o efeito é apenas potencializado, ocasionando consequências mais drásticas somente com a recorrência excessiva à exposição.
A maior incidência de material radioativo na produção offshore ocorre nas limpezas e manutenções de tanques e vasos de embarcações do tipo FSPO.
Conclusão
A radiação acarreta diversos efeitos biológicos aos indivíduos expostos a ela, de acordo com a dose e a forma de resposta. Por isso, a melhor forma de evitar os efeitos dela no ambiente de trabalho é através de um Serviço de Radioproteção bem preparado.
Se sua equipe tem IOEs (Indivíduos Ocupacionalmente Expostos) é necessário estabelecer um Plano de Radioproteção detalhado e eficiente para que todos os profissionais expostos à radiação tenham a proteção adequada de acordo com as normas da CNEN.
Também é possível contratar empresas especializadas em Radioproteção para cuidar da proteção radiológica da sua empresa ou da empresa em que você trabalha.
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