A visão geral é de que a radiação só está no contato direto com elementos brilhantes e altamente tóxicos, porém é importante lembrar que ela não tem som, cor ou cheiro. Mas afinal, de onde vem a radiação?
A radiação e os materiais radioativos existem no espaço sideral desde a origem do universo e permanecem aqui até hoje. Ela é uma propagação de energia, na forma de ondas eletromagnéticas ou de partículas. No vácuo, sua velocidade de propagação é de 300.000 km/s.
Começamos a usar alguns dos elementos radioativos a partir do séc. XIX e não paramos até hoje. Sempre aprendendo e desenvolvendo ainda mais as suas potencialidades, mas nunca esquecendo dos seus perigos e cuidados necessários.
Exposição à radiação
A exposição à radiação pode ser classificada em razão de suas fontes, com foco no que a população em geral recebe. As normativas em torno da radioproteção preveem que a exposição à radiação deve ser encarada por diferentes grupos.
Por essa razão, tornou-se obrigatório o fornecimento de informações adicionais a pacientes – os quais são expostos devido ao uso médico da radiação – e sobre pessoas expostas em seus locais de trabalho.
Outra maneira de classificar a exposição à radiação é verificar de que modo ela nos irradia. Substâncias radioativas e a própria radiação presentes em determinado ambiente podem irradiar ao nosso corpo de fora – externamente.
Ou nós podemos inalar substâncias presentes no ar, ingerir na comida ou na água, ou ainda, absorver através da pele ou de ferimentos, sendo irradiados por dentro – internamente.
De modo global, doses de exposições internas e externas são tratadas quase da mesma forma.
A dose efetiva média anual global por pessoa é de cerca de 2,4 mSv, e varia em cerca de 1 mSv a mais de 10 mSv, dependendo do local onde as pessoas vivem.
Você conhece os tipos de radiação?
Quando falamos em radiação é importante levar em conta o tempo de exposição ao material radioativo por contaminação ou irradiação. Contudo, temos que levar em consideração de onde vem a radiação, já que estamos diariamente expostos a ela.
Existem diversos tipos de radiação, algumas são inofensivas e outras facilmente bloqueadas.
Todas as espécies de seres vivos da Terra têm existido e evoluído em ambientes nos quais têm sido constantemente expostos à radiação natural. Desde o século passado, os humanos e outros organismos vivos passaram a ser expostos também a fontes artificiais desenvolvidas pelo próprio homem.
- 80% da exposição à radiação vem de fontes naturais;
- 20% vem de fontes artificiais feitas pelo ser humano, principalmente de aplicações da radiação na medicina.
Fontes naturais
Por estarem presentes na Terra desde o seu surgimento, não há maneira de evitarmos a exposição às fontes naturais de radiação. Entretanto, nossa exposição pode ser modificada pelas escolhas que fazemos, como vivemos, onde moramos, ou o que comemos e bebemos.
Os edifícios, por exemplo, podem apresentar um gás radioativo específico, chamado Radônio, ou os materiais que compõem o edifício podem conter radionuclídeos que aumentem a exposição à radiação.
Os raios cósmicos são a maior fonte natural de exposição externa à radiação. A maioria desses raios tem origem no mais profundo espaço interestelar; alguns são liberados pelo Sol durante as erupções solares. Esses irradiam a Terra diretamente e interagem com a atmosfera, produzindo diferentes tipos de radiação e de materiais radioativos.
Fontes artificiais
Com relação às fontes artificiais de radiação, sua principal origem são os dispositivos de diagnóstico e terapia utilizados na área médica. São eles: os aparelhos de controle, os aparelhos de radiografia e os medidores usados na indústria e no comércio, as instalações do ciclo do combustível nuclear e as máquinas utilizadas na pesquisa científica.
De onde vem a radiação no Brasil?
No Brasil, a radiação vem das instalações industriais que se destacam por irradiadores de grande porte, sendo que grande parte deles é destinado à esterilização, e uma minoria é destinada à irradiação de componentes para cosméticos e ração animal.
Ressalta-se também, o avanço na área de perfilagem de poços de petróleo onde já constam mais de vinte instalações distribuídas em diferentes regiões do país.
A maior incidência de materiais radioativos em atividades econômicas ocorre nas indústrias de produção de energia, mineração, tratamento de água e produtos de consumo.
No Brasil, as principais empresas que devem estar preocupadas com os riscos dos efeitos radioativos são aquelas ligadas aos setores de carvão, óleo e gás.
As indústrias que trabalham com Monazita, Óxido de titânio, Zircônio, Mineração de fosfato e produção de ácido fosfórico, Nióbio, Estanho e Cobre também devem estar atentas.
Paralelo entre a radiação por fontes naturais e artificiais
Usaremos o exemplo das offshores, empresas ligadas ao ramo petrolífero. Na produção de óleo e gás, tipicamente, o conteúdo de água de produção inicial de petróleo e de gás em um reservatório é baixo. Conforme a pressão natural dentro da formação cai, a água presente no reservatório aumenta proporcionalmente à produção. Essa formação de água contém sais minerais dissolvidos contendo naturalmente mais partículas radioativas.
Outra prática normal dessa indústria é injetar água do mar tratada dentro do reservatório conforme as reservas de petróleo e gás são recuperadas, com a intenção de elevar a pressão na formação. Essa água injetada pode ser mais salina que a água natural da formação e, consequentemente, pode dissolver sais radioativos adicionais de minerais presentes nos diversos estratos geológicos.
Com isso, o óleo e gás produzidos são extraídos passando por linhas de produção, filtros, tanques, vasos e demais partes que fazem com que as partículas radioativas agregadas à água, sais e areia se acumulem nas paredes internas de todas as partes pelas quais circulam (incrustações).
Onde a radiação se acumula?
As incrustações são exemplos de acúmulo de um material chamado de TENORM.
As partículas atômicas instáveis que estão distribuídas na natureza se acumulam conforme a formação rochosa e composição característica de cada ambiente. Esse acúmulo é conhecido como background e compõe o TENORM, que por sua vez, pode causar graves danos à saúde humana e ao meio ambiente.
No caso de exposições às radiações provenientes do NORM, não existem restrições legais, dado que elas são provenientes da própria natureza. A partir do momento que estes isótopos são, de alguma forma manipulados pelo homem, o material passa a ser denominado TENORM, sendo então regulado pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).
Daí por diante, toda exposição às radiações oriundas do TENORM precisam ser monitoradas e controladas.
O TENORM encontrado em petrolíferas é um bom exemplo de materiais radioativos de ocorrência natural.
Conclusão
A radiação, em especial a radiação ionizante, acarreta diversos efeitos biológicos aos indivíduos expostos a ela, de acordo com a dose e a forma de resposta. Por isso, a melhor forma de evitar os efeitos estocásticos e determinísticos da radiação ionizante no ambiente de trabalho é através de um Serviço de Radioproteção bem preparado.
Se na sua equipe tem ou se você mesmo é um IOE (Indivíduo Ocupacionalmente Exposto), estabelecer um Plano de Radioproteção detalhado e eficiente é de extrema necessidade.
Quando você trabalha em uma indústria que utiliza fontes radioativas em seus processos é necessário que todos os profissionais expostos à radiação tenham a proteção adequada de acordo com as normas da CNEN, órgão responsável pela regulação e fiscalização de tudo que envolve radiação nuclear no país.
Caso sua empresa ache muito dispendioso implementar um Serviço de Radioproteção, também é possível contratar empresas especializadas para cuidar da proteção radiológica.
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