Se você é um Técnico, Gestor ou Supervisor e trabalha embarcado no Offshore, é provável que já tenha ouvido falar de NORM e TENORM. Mas você sabe como cuidar da gestão de riscos NORM/TENORM?
Continue lendo e descubra!
Entenda a Radiação
Radiação é a propagação de energia na forma de ondas eletromagnéticas ou de partículas. A onda eletromagnética é uma forma de energia, constituída por campos elétricos e campos magnéticos variáveis, oscilando em planos perpendiculares entre si, capazes de propagar-se no espaço. No vácuo, sua velocidade de propagação é de 300.000 km/s.
As radiações são produzidas por processos de ajustes que ocorrem no núcleo ou nas camadas eletrônicas, ou pela interação de outras radiações ou partículas com o núcleo, ou também com o átomo por inteiro.
Tipos de Radiação
Como o próprio nome já remete, a radiação eletromagnética é formada pela vibração simultânea de campos magnéticos e elétricos. Tais vibrações são perpendiculares entre si, originadas durante o fenômeno da transição atômica, pela movimentação da carga e momento magnético da partícula, quando modifica seu estado de energia, tipificado pelo momento angular, spin e paridade.
Já a radiação nuclear leva em consideração as partículas ou ondas eletromagnéticas emitidas pelo núcleo durante o processo de reestruturação interna, com o intuito de alcançar a estabilidade (alfa, beta, gama e nêutrons).
Por causa da intensidade das forças atuantes dentro do núcleo atômico, as radiações nucleares são altamente energéticas quando comparadas com as radiações eletromagnéticas.
Radiação Alfa, Beta e Gama
Existem três modalidades de radiações denominadas alfa, beta e gama que podem ser separadas por um campo magnético ou por um campo elétrico.
- A Radiação Alfa (α), também chamada de partículas alfa ou raios alfa, nada mais são do que partículas carregadas por dois prótons e dois nêutrons, sendo, portanto, núcleos de hélio. Têm carga positiva +2 e número de massa 4.
- Já a Radiação Beta (β), raios beta ou partículas beta, que podem ter elétrons, partículas negativas com carga -1 e número de massa 0; ou carga positiva (+), correspondente a um pósitron (anti elétron ou anti matéria).
- Também temos a Radiação Gama (γ) ou raios gama. O comprimento de onda deste tipo de radiação varia de 0,5 Å a 0,005 Å (unidade de medida: ångström).
Os raios gama são ondas eletromagnéticas e possuem carga e massa nulas, emitem continuamente calor e têm a capacidade de ionizar o ar e torná-lo condutor de corrente elétrica.
Um núcleo radioativo emite radiação alfa ou beta e a radiação gama está sempre presente. A partícula beta pode atingir uma velocidade de até 95% da velocidade da luz. Já a partícula alfa é mais lenta e atinge uma velocidade de 20.000 km/s. Enquanto isso, os raios gama atingem a velocidade das ondas eletromagnéticas (300.000 km/s).
O que é a Radioatividade?
Radioatividade é o fenômeno pelo qual o núcleo de um átomo instável emite partículas e ondas para atingir a estabilidade. Para os átomos instáveis, é uma busca constante se tornarem mais estáveis. Alfa, beta e gama são os principais tipos de radiação que o átomo emite na busca pela estabilidade.
Radiação Ionizante
Os átomos podem ser naturalmente estáveis ou não. Como acabamos de ver, aqueles que têm o núcleo instável, os que se transformam espontaneamente, liberam energia na forma de radiação.
Os átomos instáveis são denominados de radionuclídeos. A energia liberada pelos radionuclídeos podem interagir com outros átomos e ioniza-los. A ionização é o processo pelo qual os átomos se tornam positivamente ou negativamente carregados pelo ganho ou pela perda de elétrons.
A radiação ionizante transfere energia suficiente para expulsar os elétrons de sua órbita, resultando na criação de íons. A emissão de dois prótons e de dois nêutrons refere-se ao decaimento alfa, e a emissão de elétrons ao decaimento beta. Os já citados raios alfa e beta.
Qual a diferença entre Contaminação e Irradiação?
A contaminação é a presença de um material indesejável em determinado local. A irradiação é a exposição de um objeto ou de um corpo à radiação. É possível haver irradiação sem existir contaminação.
A exposição do homem ou parte de seus tecidos à radiação, pode ter resultados bastante diferenciados, se ela ocorreu de uma única vez, de maneira fracionada ou periodicamente.
As exposições únicas podem ocorrer em exames radiológicos, como por exemplo, uma tomografia. Nos tratamentos radioterápicos, ocorrem exposições fracionadas. Já as exposições periódicas, acontecem em determinadas rotinas de trabalho com material radioativo em instalações nucleares.
Para uma mesma quantidade, os efeitos biológicos da radiação resultantes podem ser muito diferentes. Assim, se ao invés de fracionada, a dose aplicada num paciente em tratamento de câncer fosse dada numa única vez, a probabilidade de morte seria muito grande.
A exposição contínua ou periódica que o homem sofre da radiação cósmica, produz efeitos de difícil identificação. O mesmo não aconteceria se a dose acumulada em 50 anos fosse concentrada numa única vez.
Mas como saber se existe Risco Radiológico presente em plataformas Offshore?
Como funciona a contaminação por NORM/TENORM no Offshore?
Tomando como exemplo um FPSO, o processo de contaminação funciona da seguinte forma:
1 – 2: Durante a fase de perfuração, o campo de exploração contém material NORM. Conforme ocorre o processo de extração do petróleo, o NORM que está diluído em óleo e gás “sobe” junto ao material produzido. Todo o NORM vai se acumulando na planta de produção, em forma de borras e incrustações, se tornando TENORM.
3 – 4: Após algum tempo, ocorre a redução da pressão no reservatório. Então surge a necessidade de injetar água para manter a produção. Esta água possui características diferentes da água de formação, o que acarreta na dissolução acelerada dos sais contendo materiais radioativos presentes na rocha e no óleo.
Desta forma, ainda mais material TENORM se acumula na planta de produção. Após anos em operação, o acúmulo de TENORM pode ser gigantesco!
Quais os riscos deste acúmulo de material NORM/TENORM em um FPSO?
Com o passar do tempo, o material NORM se acumula nas linhas, válvulas, filtros, vasos e tanques da planta de produção. Este material tem potencial para criar campos de radiação cujos valores de dose ultrapassam os limites seguros estabelecidos pela CNEN para IOEs (20mSv/ano ou, 10,0 µSv/h) e, principalmente, para o público em geral (1mSv/ano ou, 0,5µSv/h).
Isso pode trazer sérios danos à saúde, além de ser ilegal!
Na imagem 1, o problema é quando há necessidade de intervenção, com abertura de linhas e entrada nos vasos e tanques. Enquanto a planta não é aberta, o problema está contido!
Na imagem 2, o risco é a aproximação dos trabalhadores! Quando este tipo de radiação é detectado, seu problema já está muito avançado!
O que deve ser feito nos procedimentos de rotina para lidar com o Risco Radiológico no Offshore?
- Monitorar a planta, no mínimo semestralmente;
- Isolar e sinalizar as áreas controladas;
- Fornecer controle de dose ocupacional para os envolvidos.
Como proceder em intervenções caso haja presença de Risco Radiológico no Offshore?
- Realizar os passos da rotina, monitorando, isolando e sinalizando a área, além de fornecer a dosimetria;
- Anotar dados dos envolvidos para controle;
- Forrar a área com lona plástica;
- Montar o ponto de controle e monitoração de pessoal;
- Providenciar contentores para EPIs contaminados;
- Providenciar tambores para armazenamento dos rejeitos;
- Providenciar caixas metálicas e/ou contêineres para peças maiores;
- Providenciar marcadores permanentes para anotação das peças e pontos contaminados para corte;
- Providenciar material para tamponamento dos segmentos de linhas e válvulas;
- Iniciar a purga das linhas e vasos, tendo cuidado para nenhum material extravasar. É importante preencher apenas ⅔ do tambor;
- Monitorar e rotular os tambores contendo borra oleosa;
- Garantir que nenhum trabalhador se contamine e, caso isso ocorra, proceder com sua descontaminação da forma correta!
- Refazer a monitoração no interior dos vasos e tanques, para garantir que toda contaminação tenha sido removida;
- Monitorar e marcar para o corte as peças e trechos de linhas contaminadas;
- Remover manualmente estas incrustações e, acondicioná-las em tambores;
- Cuidar de toda a papelada que precisa ser arquivada e mantida para rastreabilidade;
- Acompanhar toda a destinação dos rejeitos gerados;
- Por último, mas não menos importante: ter quem se comprometa legalmente por tudo isso, assumindo a responsabilidade perante os órgãos reguladores e demais envolvidos!
Se esses passos não forem seguidos corretamente, podem ocorrer graves consequências, como indiciamento dos responsáveis legais, multas, danos à sua imagem e a da sua empresa, processos trabalhistas, desvalorização e interdição nas operações.
Será preciso responder à CNEN, ao Ministério do Trabalho e Emprego, ao IBAMA e a Receita Federal.
As leis estão aí para serem seguidas à risca. Assim, você evita que acidentes de trabalho possam ocorrer, o que acarretaria em prejuízos humanos, materiais e ao meio ambiente. É importante saber que a radiação – e em especial a radiação ionizante – causa diversos efeitos biológicos às pessoas expostas a ela, dependendo da dose de exposição.
Se você quer evitar todos os efeitos da radiação ionizante no ambiente de trabalho, precisa de um Serviço de Radioproteção bem preparado. Se você é ou a sua equipe possui um IOE (Indivíduo Ocupacionalmente Exposto), estabelecer um Plano de Radioproteção detalhado e eficiente é mandatório!
Quando você trabalha em uma indústria que utiliza fontes radioativas em seus processos, é necessário que todos os profissionais expostos à radiação tenham a proteção adequada, de acordo com as normas da CNEN.
Também é possível contratar empresas especializadas para cuidar da sua proteção radiológica se, por algum motivo, for gerada muita dor de cabeça ao implementar um Serviço de Radioproteção por conta própria.
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FONTES
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